Reconto de Felicidade Clandestina – Clarice Lispector
Ela era linda, cabelos lisos, era magra,
ela tinha quase tudo, mas em uma coisa ela me invejava porque meu pai era dono
de livraria e eu sabia que ela era louca por livros, e ela também não tinha nenhum tostão furado!
Quando chegava seu aniversario ela
pensava que eu iria presenteá-la com livros, eu não gostava de ler, mas os
livros eram as minhas únicas arma s contra ela.
Ela me humilhava! Dizia que eu era
gorda, baixa e tinha cabelos excessivamente crespos, eu sofri muito com tudo
isso, mas chegou a minha vez de dar o troco!
Eu tinha um livro de Monteiro Lobato: As
Reinações de Narizinho, que por sinal ela sempre foi louca para ler, então
certo dia eu disse a ela que tinha o livro e a emprestaria, e pedi que ela
passasse na minha casa para pegá-lo.
E neste momento começou a minha
vingança... Quando ela chegou toda feliz com o sorriso bem grande no rosto e
disse: Vim buscar o livro, eu disse a ela que havia emprestado a outra menina e
pedi que ela voltasse no dia seguinte, e no outro e no outro... Eu sempre dava
a mesma desculpa, mas na verdade o livro sempre esteve em minha casa eu queria
que ela sofresse o quanto sofri. Mas outro dia que ela veio a minha casa minha
mãe estranhou a sua presença todos os dias e perguntou:_ o que estava
acontecendo? E ela disse que tinha ido buscar o livro e que eu tinha emprestado
a outra garota, minha mãe olhou para mim e disse: _como assim? Esse livro
esteve sempre aqui!
E me obrigou a emprestá-lo, eu fiz o que
minha mãe mandou só que mesmo emprestando o livro eu me senti aliviada, pois a
fiz passar por tudo o que passei em suas mãos, me senti muito feliz, não pelo
fato de ter emprestado meu livro, mas sem duvidas por ter feito a minha
vingança, e por vê-la sair sempre triste da minha casa.
Camila Kélvia, Gabriela Almeida e Jaqueline de Jesus. 3° ano
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